In nomine libertatis
Se for verdade que o rancor
desgasta e envelhece lentamente
com o seu rumor calado de pedra de moinho
aposto em ser jovem agora e sempre.
A minha casa está vazia
de bodes expiatórios e culpados.
Acumulo apenas
o valor necessário para continuar a viver
sob a protecção da alegria.
Nunca me inclinei para o fácil fôlego
de adquirir e obrigar. Mesmo a miudeza
desperta sempre em mim um mecanismo frágil
com mais de uma resposta.
Em minha alcova não reinam
proibições nem leis. A minha palavra
é um pátio sem chave
onde é bem recebido quem aprecie
a sombra de uma figueira e um copo de bom vinho.
Não frequento presos nem juízes.
Deixo sentenças e ditames
àqueles que não duvidam. Eu só tenho a certeza
que amo a liberdade e as suas margens.
Quando não aparecer, procurem-me entre as asas
de um pássaro que escapa do inverno.
Com as mãos vazias caminha-se melhor.
Não me pesam os empréstimos. Neste nosso mundo
toda a dívida se contrai no jogo.